Uma
vez em algum programa desses horríveis que passam no fim de semana, vi algum
“cientista” dizendo que a lembrança mais marcante para o ser humano é a memória
olfativa, ou seja, o cheiro. Segundo o “cientista” se você sente um cheiro,
mesmo que na infância, quando adulto se você o sentir novamente seria capaz de
despertar a lembrança da primeira vez que o sentiu.
Fiquei
pensando nisso e percebi que pelo menos para mim, a teoria funcionava na
prática. Lembro-me de todos os cheiros da minha infância e de alguns da
adolescência, mas com toda certeza os da infância são os mais marcantes, pode
até parecer pretensão minha, mas é verdade.
Entre
os cheiros mais marcantes para mim estão os fins de semana na casa da minha
avó, tinha um cheiro de acolhimento, de segurança, de cocada feita na hora, de
peixe cozido com cheiro-verde e do feijão – que por sinal até hoje é magnífico
– temperado com pimenta de cheiro, este último nitidamente vivo até hoje.
Outro
cheiro importante era o da rua onde morei até os dezoito anos, tinha cheiro de
goiaba madura e criança empoeirada com as mãos sujas de barro vermelho e de
manga fazendo lama no quintal. Não me pergunte como memorizei isso, acho que
cada pessoa memoriza o cheiro que acha importante guardar consigo para sempre, o
cheiro da minha infância, o cheiro que era livre de preocupações, cheiro de
sorriso bobo e de abraços apertados, esses cheiros nunca esquecerei. Tenho
certeza disso.
Entretanto,
o cheiro mais importante da minha vida é o da minha mãe. É um perfume totalmente
singular – não sei se todo filho tem isso, ou só eu – mas o cheiro da minha mãe
é daqueles que não se pode colocar em um vidrinho e vender. Tem cheiro de paz,
de roupa com amaciante, cheiro de cafuné, cheiro de coisa viva, de banana
madura frita no café da manhã e principalmente cheiro de esperança. Sabe aquele
cheiro que tem o dia quando vai amanhecendo? É esse. É exatamente esse o cheiro
que minha mãe tem. Cheiro de dia novo nascendo no horizonte.
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