05 junho, 2012

O Rio é traiçoeiro e a administração também




Foto: Haroldo Sarkis 
 
Quando eu era criança e passávamos os fins de semana e feriados na casa da minha avó que ficava em um barranco enorme à beira do rio, eram contadas a mim histórias sobre as peripécias que o rio pregava em quem se arriscava em suas águas. Muitas dessas histórias envolviam homens, mulheres e crianças que nadavam como verdadeiros peixes, mas por isso mesmo se arriscavam demais nas águas do rio e acabavam sendo levados por ele.
Acho que talvez por isso não goste muito de lagos, piscinas, banheiras e rios até hoje. Entretando, mesmo assim às vezes eu me arriscava numa “micro-ilha” que havia do outro lado do rio, ou subia em uma “ingazeira” à beira do barranco, mas sempre respeitando meu medo da água barrenta e lembrando do que minha mãe sempre dizia “Menina te cuida, que água não tem cabelo e o rio á traiçoeiro.”
No último domingo (3), o Rio Acre fez outras vítimas e deixou marcas irreparáveis. Uma “catraia” atravessando o rio com capacidade para transportar 10 pessoas, mas transportando quase 20 – segundo relatos – acabou virando após bater no tronco de uma árvore. Os comentários nas redes sociais foi instâtaneo, vi pessoas culpando o condutor por não impedir que mais pessoas entrassem mesmo após ter excedido o limite de tripulantes, outros a escuridão da noite que confundiu as pessoas, o atraso no serviço dos bombeiro, mas eu não.
Eu vou culpar os dirigentes deste estado, vou culpar a falta de atenção deles em relação as várias vezes em que foram criados projetos,  foram feitos manifestos, passeatas entre outros movimentos apelativos para que a ponte ligando o Bairro Sibéria ao restante da cidade fosse construída.
Quantas vitimas ainda precisam ser feitas? Quantas familias precisarão ainda sofrer a perda de seus entes queridos? Quantos projetos serão arquivados? Quantos manifestos não serão levados em consideração? Me digam, quantas vezes mais teremos que perder nossos jovens e anciãos pra obtermos a atenção que queremos?

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