Quando eu era criança e
passávamos os fins de semana e feriados na casa da minha avó que ficava em um
barranco enorme à beira do rio, eram contadas a mim histórias sobre as
peripécias que o rio pregava em quem se arriscava em suas águas. Muitas dessas
histórias envolviam homens, mulheres e crianças que nadavam como verdadeiros
peixes, mas por isso mesmo se arriscavam demais nas águas do rio e acabavam
sendo levados por ele.
Acho que talvez por
isso não goste muito de lagos, piscinas, banheiras e rios até hoje. Entretando,
mesmo assim às vezes eu me arriscava numa “micro-ilha” que havia do outro lado
do rio, ou subia em uma “ingazeira” à beira do barranco, mas sempre
respeitando meu medo da água barrenta e lembrando do que minha mãe sempre dizia
“Menina te cuida, que água não tem cabelo e o rio á traiçoeiro.”
No último domingo (3),
o Rio Acre fez outras vítimas e deixou marcas irreparáveis. Uma “catraia”
atravessando o rio com capacidade para transportar 10 pessoas, mas
transportando quase 20 – segundo relatos – acabou virando após bater no tronco
de uma árvore. Os comentários nas redes sociais foi instâtaneo, vi pessoas
culpando o condutor por não impedir que mais pessoas entrassem mesmo após ter
excedido o limite de tripulantes, outros a escuridão da noite que confundiu as
pessoas, o atraso no serviço dos bombeiro, mas eu não.
Eu vou culpar os
dirigentes deste estado, vou culpar a falta de atenção deles em relação as
várias vezes em que foram criados projetos,
foram feitos manifestos, passeatas entre outros movimentos apelativos
para que a ponte ligando o Bairro Sibéria ao restante da cidade fosse
construída.
Quantas vitimas ainda
precisam ser feitas? Quantas familias precisarão ainda sofrer a perda de seus
entes queridos? Quantos projetos serão arquivados? Quantos manifestos não serão
levados em consideração? Me digam, quantas vezes mais teremos que perder nossos
jovens e anciãos pra obtermos a atenção que queremos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário