06 maio, 2012

Gorda, magra, ou sei lá o quê




Desde criança precisei me reinventar toda vez que alguém insiste em bater na tecla sobre eu estar acima do peso, vamos falar do modo popular ‘gorda’.  Era impressionante o modo como as pessoas chegavam para mim e ao invés de dizer ‘olá’, ‘tudo bem?’ e essas coisas habituais de gente que pelo menos tenta ser educada, elas diziam ‘nossa, como você está gorda!’. E lá vai eu sorrir forçada, tomar um gole de qualquer coisa que tenha na mão, fingir acenar para alguém e sair à francesa.
Então um belo dia eu decidi que não ia ficar por baixo quando isso acontecesse, eu era gorda, não burra e não precisava agüentar isso, muito menos de gente que não tem o que fazer para ficar reparando se seu fulano engordou ou deixou de engordar. Além do mais, pensei comigo mesma, que se existe um tipo de pessoa que atravessa uma sala inteira para simplesmente dizer que você está gorda, essa pessoa não merece o mínimo de atenção.
Para mim a pior parte disso acontecer é que eu nunca me senti gorda, pelo menos não da forma que as pessoas insinuavam que eu estava quando olhavam para mim. Eu me achava completamente normal – não que ser gorda seja anormal, mas é assim que a maior parte da “sociedade” vê as coisas – eu não me sentia feia, não me sentia infeliz com o meu peso e ficava me perguntando por que as pessoas se incomodavam enquanto eu me sentia completamente bem. E foi pensando nisso que cheguei à seguinte conclusão:
“Uma pessoa não atravessa uma sala inteira para dizer que você está gorda para fazer você se sentir mal, ela faz isso para tentar fazer ela mesma se sentir bem. É ela quem não se aceita, não se ama e se sente infeliz. É ela que acha que é anormal e quer fazer você se sentir assim para que ela sinta que não está sofrendo sozinha.”
Uma coisa que aprendi com a minha mãe – a pessoa mais importante na minha vida – é que você precisa dar valor a quem você é e ao que você tem, inveja é o pior inimigo de uma pessoa. A inveja comprime o estômago, borra a maquiagem e para variar é pecado. Minha mãe me ensinou a ser muito bem resolvida querida, não preciso ficar neurótica com a balança para me sentir bonita, aprendi a me amar antes de querer o amor dos outros. Tenho minhas crises existenciais sim, não sou de ferro não, mas nada que me faça perder o sono, a fome ou o chão.
Eu gosto de ser quem eu sou, gorda, magra ou sei lá o quê. Não tenho preconceito comigo e muito menos com quem não tem nada haver com a história do ‘meu’ Brasil. Quer se sentir melhor? Vai fazer uma terapia intensiva, vai! Me chamar de gorda até onde eu sei não vai te emagrecer.


2 comentários:

  1. mesmo isso acontece comigo mas não é como você diz a mim é a minha irmã que me diz isso a mim

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  2. Olá Mara, fiquei feliz com o seu comentário. Espero que esse texto tenha feito você perceber que a única opinião que realmente importa é a nossa, e que é preciso amemos a sí mesmas antes de tudo. A opinião dos outros só é relevante quanto a gente pede ela, caso contrário não importa! Beijos :*

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